Todos nós tivemos, na escola, professores que nos marcaram pelas mais diversas razões. Eu como andei a saltar de escola em escola, tive vários, uma colecção de cromos, e é de um desses que vos falo hoje: o professor de Português e Religião e Moral, director de turma, Norberto, ou Noquinhas.
Porque é que me lembrei dele? Porque acabei de ver um senhor na pastelaria que me pareceu ser ele. Mas não era...
O Noquinhas era muito tranquilo, até lhe dar os cinco minutos. O Noquinhas via mal como uma toupeira e usava uns óculos cheios de "musgo". O Noquinhas a falar, parecia um padre a celebrar a missa. O Noquinhas era uma pessoa extraordinária.
Como o Noquinhas era um porreiro, as suas aulas eram sempre uma completa anarquia. Não consigo dizer-vos a quantidade de vezes que ele me tentou expulsar da aula e eu não saía da minha secretária. " Por favor não me expulse, eu prometo que me calo."
No primeiro dia de aulas, a fazer a chamada no livro de ponto, o Noquinhas chamou pelo meu nome, mas não me reconheceu. Eu usava óculos nas aulas, mas na foto estava sem óculos. Então, ele achou por bem, desenhar uns óculos na minha fotografia, de modo a conseguir reconhecer-me na chamada.
As aulas do Noquinhas, por norma, eram de manhã, e numa dessas manhãs difíceis que toda a gente tem, ele esqueceu-se dos seus óculos em casa e deu a aula de óculos de sol, qual José Cid.
Um belo dia, o Noquinhas avisou que no final da aula queria falar comigo e com a minha colega de carteira - ele achou que nós éramos "namoradas" e decidiu advertir-nos acerca da nossa troca de carinhos na sala de aula: "Se querem fazer dessas coisas, façam lá fora".
Conclusão: Toda a gente adorava o professor Norberto.
O senhor que vi hoje não era ele, pois os seus óculos não tinham musgo ( embora ele pudesse ter feito um upgrade no seu visual ), mas tem outra coisa que me tirou todas as dúvidas de identidade - este senhor não pode ser o Norberto, porque fala demasiado rápido!
Um bem haja ao professor Norberto :)