Nasci em 1980





Este ano faz 40 anos que nasci.
Nasci em 1980, a entrada dos fabulosos anos 80, em que houveram tantos acontecimentos marcantes ( tanto no nosso país, como no mundo)!
Em 1980, Portugal entrou numa grande crise económica que obrigou o país a pedir ajuda ao FMI (eu bem digo que vou viver a minha vida inteira em crise), o Eusébio anunciou a sua retirada do Futebol e começámos a participar nos Jogos Sem Fronteiras.
Em 1980, a televisão era a preto e branco, não existiam telemóveis ou Internet, mas estavam sempre a saltar novidades na tecnologia - a videoconferência, o disco compacto (CD) e o Walkman, que se falava na altura, virem a revolucionar o futuro.
Nos Açores a Terra tremeu e os mortos contavam-se às dezenas. Já no Tejo um cargueiro chocou com um porta-contentores Inglês que se virou e ficou ali, coberto de gaivotas. O conselho da Revolução fazia as vezes do Tribunal Constitucional. Praticavam-se milhares de abortos clandestinos por ano e saiu o primeiro single das Doce. Foi, também, neste ano que, pela primeira vez em Portugal, se concretizou um concerto num estádio de Futebol - os Police vieram ao Estádio do Restelo. Sá Carneiro e Snu Abecassis morreram em Camarate, na queda de um avião....
Foi assim, no ano em que num instante se passa do riso às lágrimas, do progresso à barbárie, da festa ao luto, que eu vim ao mundo. Então, não parece ser por acaso que sou uma pessoa de extremos - ou 8 ou 80, ou amo ou odeio!
Se já houve tempos em que tentava contrariar a minha maneira de ser, agora tento aceitar. É uma característica pessoal como qualquer outra e não há nada de errado nisso. Por muito que tentem dizer que sim, 40 anos já é um bom número para saber o que sou, o que quero e o que ando aqui a fazer. 
De 1980 a 2020, muita coisa mudou, se transformou, menos a pequenez da maioria das mentes.
Porque hei-de eu calar o que sinto, quando a maior parte não se coíbe de ser mal educada, metediça, crítica, acerca de assuntos que não lhes dizem respeito e nem sequer são do seu conhecimento?
Desde que há memória, as mulheres que se impõem contra o que a sociedade considera normal, são rotuladas de estranhas, malucas,más ou perigosas. Mesmo com todos os avanços da  modernidade, a independência e energia criativa das mulheres ainda são vistas como (acrescenta o nome aqui) devendo ser "controladas"- em nome da moral e dos bons costumes, da reputação familiar, da religião, tradição ou cultura. Não interessa qual a desculpa.
O que eu acho transcendente é a dimensão deste tipo de pensamento, que persiste há tantos séculos e forma o mundo em que vivemos.
Apregoa-se em todo o lado  a importância da individualidade: "Sê tu próprio", mas só desde que sejas igual a todos os outros...

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