Recomeçar
A vida depois de ter um filho é como um recomeço, onde tudo é diferente e é preciso tempo para nos organizarmos com um novo membro na família, que exige o máximo de nós.
Obviamente que, as nossas prioridades passam a ser outras e há muita coisa que fica para trás, condicionada pelo que o nosso bebé nos deixa fazer. Acredito que (embora ninguém me tenha dito) tudo isto é natural e faz parte do trabalho de ser mãe, mas faz com que também precise de algo que me faça desligar e me deixe descansar um pouco. Eu não sou a super mulher ou uma super mãe, estou é super cansada.
Outra coisa que também aconteceu naturalmente, foi o deixar de dar importância a muita coisa supérflua, tóxica e que já não me dizia nada, mas que continuava a fazer por hábito.
A minha filha trouxe-me uma visão muito mais clara sobre a vida e como ocupar o meu tempo, sem distracções nem "nhes"!
Voltei ao trabalho há dias e é aí que se encontra o meu foco - voltar a trabalhar, ganhar dinheiro e lidar diariamente com pessoas adultas, assim como orientar horários com a minha filha. Recomecei, também, a fazer outras coisas que me dão prazer e que já não fazia há alguns meses, como ler, ver séries, comer, pequenas bricolages. Só falta conseguir pôr ordem nas tarefas domésticas, mais propriamente na lavandaria ( parece que houve uma explosão de roupa).
Àparte disso, a vida corre rapidamente e eu quero aproveitar bem a minha bebé, antes que ela se torne numa adolescente insuportável. Vivo bem assim, a dedicar-me quase exclusivamente a ela e a vê-la crescer de dia para dia. Qualquer outra actividade tem de ser mesmo muito importante para mim pois, se assim não for, não vale a pena perder tempo a fazê-lo.
É por isso que o blog tem estado tão parado. Digamos que também aqui, as coisas precisam de um recomeço. Em primeiro lugar, é-me impossível ser criativa quando estou cansada e ando numa correria. Depois, fazer conteúdo só para ter publicações diárias já não faz sentido para mim. Não me interessa e não é isso que vos quero transmitir. Não vivo do blog, não vou "encher chouriços" só para dar visualizações. Acho que conteúdo de qualidade, sem pressa ou objectivo e sem imposições, é o mais valioso que vos posso oferecer e que pode trazer coisas boas para mim também.
Comecei a pôr a leitura de outros blogs em dia e apercebi-me que, a maioria, limita-se a publicar conteúdos muito semelhantes ao do vizinho. Não há paciência para publicações sobre as roupas dos Globos de Ouro ou outra cerimónia qualquer, com a tentativa de se ser engraçado à mistura. Isso não é para todos, só para o Guilherme. Os outros, parem lá com isso. Continuando, são poucos os que se destacam dos demais e isso é aborrecido, especialmente os mais conhecidos do país, que quase se cingem à publicidade para a qual são pagos, deixando de lado a verdadeira criatividade. Valorizar demasiado a exposição pública acarreta um peso com o qual não me identifico. Não somos todos iguais e, como tal, não temos de fazer tudo da mesma maneira à espera das visualizações, dos gostos,do reconhecimento ou das ofertas, para mostrar o quão populares somos. E sobre isto há tanto para dizer, numa sociedade de consumo em que parece que somos aquilo que o nosso dinheiro pode comprar ( em relação a comprar, tenho reparado no fenómeno de uma camisola da Zara que até me dá vontade de rir, é só caramelas repetidas, incrível). Sim, muitas vezes já me senti posta de lado porque não conduzo um Mercedes (ou algo equivalente), não tenho uma mala da Moschino ou roupas de uma marca qualquer "roscoff" mas que está na moda. O emprego que tenho não me permite grandes voos e também não me vejo a pagar roupas e acessórios às prestações só para mostrar aos outros que tenho ou para tirar fotos do look do dia para o blog e não posso repetir outfits... isso sim, é ser muito pobre. Que canseira!
Não é a minha profissão, o dinheiro que tenho no banco, o carro que conduzo ou as roupas que uso que me definem (pelo menos não só). É o coração, pois sempre foi o mais importante para mim. E é isso que vejo nos outros. Quem não tem um bom coração, não tem nada que me interesse.
O resto? O resto vem.
Considero que podemos ser tudo o que quisermos, durante o tempo que conseguirmos tirar para o fazer. Mesmo que isso signifique ganhar menos dinheiro em prol de mais tempo livre para fazermos o que realmente gostamos e nos faz felizes.
Bom fim de semana a todos.
1 comentários
É isso tudo. Parabéns!
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