Quando a rejeição torna a nossa vida melhor



Nós mulheres, fomos desde cedo educadas a ser o mais tolerantes possível com tudo e isto vai de encontro ao "abre-te a novas oportunidades", "pratica a aceitação" e por aí fora. Ou seja, temos de dizer sim a tudo e a todos, mesmo que não tenha nada a ver com a nossa maneira de ser ou dos nossos valores.
Há quem diga que é viver em sociedade e que temos/devemos dar-nos bem com toda a gente. Sobre o tema, tenho um ditado popular muito acertado: "quem se dá bem com toda a gente, não é amigo de ninguém".
Sou uma mulher adulta e segura dos seus valores e princípios, o que me faz rejeitar tudo aquilo que não me diz nada, que não me aquece nem me arrefece, que me faz perder tempo à toa, assim como pessoas que não são lá grande coisa. Isso tem um nome: personalidade. Não confundir com mau feitio.
Gosto de gente com carácter e não suporto aqueles que não se chegam à frente, que não dão o corpo às balas, porque se querem dar bem com todos. Acredito que o façam como forma de se sentirem melhor, mas será que resulta? A curto prazo até pode dar aquela satisfação momentânea, mas parece-me que é viver uma vida sem rumo ou propósito. Moscas mortas, no thanks!
Há um nível superior que só atingimos numa única relação, num único ofício, em pessoas e coisas únicas. Este nível não se consegue atingir sem rejeitar todo o supérfluo e alternativas medíocres. Se eu escolher fazer do meu casamento uma união feliz e um projecto de vida em comum, com uma filha para educar, isso significa que estou a escolher ser correcta e fiel, em vez de andar por aí à procura de atenção alheia. Bem como escolho não falar mal das minhas amigas pelas costas. São decisões que, inevitavelmente, levam à rejeição. Essa rejeição é necessária para mantermos os nossos valores e a nossa personalidade. É isso que nos define.
Evitar confrontos ou conflitos, aceitar tudo e torná-lo harmonioso é uma maneira de se achar no direito. Querem sentir-se os maiores e merecedores, então evitam todo e qualquer conflito para que ninguém se sinta desconfortável, principalmente os mesmos, levando uma vida sem motivo e evitando os tão pedagógicos fracassos, fingindo que são muito felizes e realizados.
Ninguém quer estar preso numa relação que não o faz feliz. Ninguém quer ficar a vida toda num trabalho que não gosta. Ninguém quer ter de pensar mil vezes antes de poder falar o que pensa com medo de ferir susceptibilidades. No entanto, as pessoas escolhem fazê-lo diariamente.

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