EMO de emocional



Estamos no inicio de mais uma década e é difícil não nos movermos a nostalgia!
Comecemos pelo modo como guardamos as nossas memórias fotográficas. Há vinte e tal anos atrás, corríamos para o fotógrafo para revelar rolos de fotografias que tirávamos com máquinas analógicas. Esperávamos, em pulgas, alguns dias para as irmos buscar, dentro de um envelope e ficávamos na expectativa: " Terão ficado bem?" Era uma excitação abrir o envelope e ir descobrindo as nossas obras de arte, ainda que muitas viessem desfocadas, com cabeças cortadas ou totalmente pretas.
Depois, comprávamos álbuns giros e pesados com folhas de papel de seda para proteger as fotos de colarem umas nas outras. Hoje, tiramos fotos com o telemóvel e se ficaram mal apagam-se e repetem-se até ficarem como desejamos. A seguir, guardamo-las em nuvens e ficam lá, a flutuar, no esquecimento.
Perdeu-se a espontaneidade. 
Parece-me, também, que é muito mais fácil de perder tudo. Por isso, tenho andado de volta dos meus álbuns antigos e com vontade de fazer novos. Isto a que propósito? Alguém me perguntou, aleatoriamente, se a minha casa pegasse fogo, o que é que eu queria salvar? As memórias!
Os meus álbuns e as minhas fotos são muito importantes para mim, pois há emoções que não se repetem, lugares onde não voltaremos a ir, roupas que não voltaremos a vestir e idades que não voltaremos a ter ou o sorriso da foto acima. O resto, pode ser substituído.

A Internet veio destruir uma parte do nosso património cultural. Se veio melhorar, consideravelmente, a comunicação, também veio acabar com as icónicas lojas de música, clubes de vídeo e os quiosques, assim como os cinemas.
Antes haviam ideias e singularidade, hoje existem as redes sociais onde abunda mediocridade e superficialidade (contra mim falo), sobretudo no culto de pseudo-celebridades e influencers.
Ainda esta semana me apercebi de mais um quiosque que fechou e a culpa não é só dos novos tempos, mas da degradação dos mesmo que, actualmente, vendem tudo menos papel. E desculpem se sou antiquada, mas não há computador, tablet ou smartphone que substitua o prazer de desfolhar uma revista ou um livro e sentir o seu cheirinho. Daí achar que merecem lugares bonitos para serem vendidos. Embora, infelizmente, no nosso país há uma grande falta da cultura da leitura - sobretudo a de qualidade.
A música também anda nas ruas da amargura. Basta tentar fazer uma saída à noite para constatar o óbvio! Que saudades das músicas que tocavam nas nossas emoções, se vestiam de preto, usavam eyeliner carregado e botas militares. Assim como o "dess to impress"...
Quando é que sair à noite deixou de ser motivo de escolher um look cuidado? Quantas vezes perguntávamos às amigas: " O que é que vais vestir logo à noite?"
Agora que temos acesso a moda para todos os gostos e para todas as carteiras, não é preciso vender a alma ao diabo para se conseguir compor um outfit de festa. Vestir bem não é sinónimo de vestir caro e vestir caro não é o mesmo que vestir bem!

E vocês? O que vos traz nostalgia? Do que sentem falta?


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