Sobre o feminismo e outras cenas de género....




Como se assinala hoje o Dia Internacional da Mulher, é o dia ideal para partilhar convosco algumas ideias...
Nunca, o Feminismo esteve tão "na berra" como agora e nem teve tantos movimentos, tais como o #metoo.
Eu embirro com o feminismo!
Não me interpretem mal, sou totalmente a favor dele, mas contra tudo que seja extremismo e que, na verdade, não favorece a mulher em nada, só a ridiculariza.
Vivemos numa sociedade sexista, é facto. E, pelo que observo, a conquista da nossa igualdade ainda está longe. Sinto-o quase todos os dias e, muitas vezes, vindo de outras mulheres. Eu tenho uma filha. Preocupa-me imenso o futuro dela como pessoa mas, principalmente, como mulher. Sei pelo que passo e faria/farei tudo o possível para ela não ter de passar pelo mesmo.
Os homens continuam a impor as regras na família e as suas vontades tanto na rua, como na profissão. Poucos são aqueles que abdicam da sua vidinha em prol da família. Uma mulher que não se curve, está condenada. É logo rotulada de histérica e não é levada a sério.
Uma mulher deve manter-se no seu devido lugar (na cozinha, como os homens gostam de dizer), usar saias nem muito compridas nem muito curtas, ser sexy mas não demasiado, obediente, engolir ofensas sem responder, trabalhar fora de casa, ganhar menos sem bufar, continuar a trabalhar em casa, cuidar dos filhos e ainda estar pronta para receber o marido com um sorriso no rosto. Como agradecimento, muitas levam porrada.
Ainda estamos no inicio do ano e o número de mulheres assassinadas pelos maridos/namorados ou ex, já é alarmante. Assim como ver os agressores a saírem impunes às queixas de violência doméstica. Quando até as autoridades desvalorizam tamanhos actos, que fé teremos nós na justiça?
Existem várias formas de violência contra as mulheres: o assédio sexual, o assédio profissional, a violação, a importunação e a perseguição. Contudo, é uma forma de violência normalizada, banalizada até e desculpada socialmente, pois a nossa cultura está assente na ideia de que a mulher tem menos poder que um homem.Mais preocupante ainda é o facto de muitas jovens raparigas se sujeitarem a actos de violência por quererem agradar aos namorados, aceitarem ser controladas e até acharem que cenas de ciúme, são actos de amor!
A violência é o resultado de alguém que acredita ser mais forte do que o outro que acredita ser mais fraco.
Toda esta trama tem inicio onde? Nas nossas casas, numa cultura e educação de preconceitos. Somos educados por forma a pensar que a mulher tem pouco valor e não pode ter poder porque não o sabe usar.
Perdoem-me a sinceridade mas, de quem é a culpa? Das mulheres. Das mulheres que aceitam uma vida medíocre, de pau mandado, que nunca questionam o porquê de ser assim e que passam a mesma inércia às sua filhas como algo normal. Assim como, também não educam os filhos a respeitarem e cuidarem das mulheres.
Tudo começa nas histórias "da carochinha" onde as mulheres que têm poder, são más - madrastas, bruxas - e as boazinhas são as criadas. No fim aparece um príncipe, num cavalo branco, dá um beijinho não consentido a uma bela adormecida e vivem felizes para sempre. Ou como a carochinha que vai para a janela pedinchar: "Quem quer casar com a carochinha que é rica e bonitinha?"
Em todas estas histórias há um padrão e esse padrão é muito redutor para o sexo feminino.
Parece-me imperativo educar os nossos filhos por forma a perceberem que, independentemente do género, somos todos seres humanos merecedores de respeito e oportunidades.
Enquanto escrevo este texto, mais uma mulher foi assassinada pelo marido. Foi decretado luto nacional. Mas, o mais importante é perguntar: "Onde está a justiça?"
Quando há um alerta, é a mulher que tem de sair de casa, fugir, esconder-se e deixar tudo para trás. É ela que tem de contar a mesma história vezes sem conta e provar que o que diz é verdade. Depois, tem de ter a sorte da justiça funcionar como deve ser, o que acontece raras vezes.
Quantas mulheres aceitam menos do que deveriam ter?
Nunca se esqueçam que foi uma mulher que vos deu a vida!

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1 comentários

  1. Isto dá muito em que pensar. Acho que os valores que são transmitidos às crianças não são os mais corretos e isso começa em casa e nas escolas. Eu quero acreditar num mundo melhor para nós, mulheres! Beijinhos*

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