A nobre arte de se "estar a cagar"!




Vivemos numa total fixação pelo positivismo. Modas... direi. E como todas as modas e modinhas, é apregoado aos sete ventos pelas redes sociais fora! Já pessoalmente, vejo pouco disso. Ou nada mesmo.
Ironicamente, esta fixação só serve para nos recordar constantemente daquilo que não somos, mas ansiamos ser.
Uma pessoa realmente feliz não sente necessidade de entoar que o é. Assim como, uma pessoa confiante não sente necessidade de provar que o é. Ou, alguém rico não precisa de convencer ninguém de que é rico. Simples. Certo?
Estando sempre a desejar algo, estaremos a reforçar a mesma realidade inconsciente: que não temos o que desejamos. Então, a nossa frustração vai crescendo, de dia para dia, independentemente dos gritos de positivismo que possamos fingir viver. O problema é que, no fundo, importamo-nos demasiado e importarmo-nos demasiado é mau para a nossa saúde mental. Falo com conhecimento de causa, acreditem em mim.
A chave para uma boa vida é estar-se a cagar!
Importar-se apenas com o que é verdadeiro, imediato e importante.
Podemos dizer que nos estamos a cagar, mas até conseguirmos chegar a esse verdadeiro estado de espírito, a luta é grande e exaustiva. Às vezes, cedemos o nosso lugar no supermercado, mesmo quando também estamos cheios de pressa. Ainda há dias, uma senhora pediu-me para passar à minha frente, mesmo vendo que eu estou gravidissima!!!! Aparecemos onde não queremos porque faz parte da vida em sociedade. Não vamos a uma festa de arromba porque temos de ir trabalhar no dia a seguir. Acho que me fiz entender.
Fazemos o nosso trabalho, limpamos a casa, tentamos cuidar da nossa saúde, zangamo-nos, choramos ou somos simpáticos porquê?  Porque não nos estamos a cagar, importamo-nos.
Quero pensar que, um dia, serei recompensada por todas as vezes que me importo e que, mesmo não querendo ou não podendo, me dobro para fazer algo por quem não merece e nunca me agradecerá. Eu queria, simplesmente, nem tentar. Seria o mais inteligente. Só que, na hora H, lá vou eu em serviço de urgência.
Acredito que, assim como muitos de vós (certamente), ando há uma vida a preocupar-me com coisas que não valem a pena e que me deixam mesmo infeliz. Embora, a minha quantidade de preocupação alheia se esteja a esgotar.
Estou farta de me importar, de me preocupar, de tentar ajudar quem não merece nem quer ser ajudado. Estou cansada de vítimas da vida, que só se sabem queixar em vez de erguerem os braços e fazerem alguma coisa por si e pelos outros também.
Quero acreditar no Karma. Alivia-me pensar que uma boa acção será recompensada com outra boa acção e vice-versa. A maldade feita, será paga com maldade sofrida. E acabar com os sentimentos de culpa sempre que não faço algo porque não me apetece, quero fazer outra coisa qualquer, que me traga satisfação e não frustração ou revolta.
Há lá algo mais libertador do que se estar a cagar?

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