Pode ser um detalhe, uma palavra, um olhar, para dizer a verdade, pode ser tudo e pode não ser nada, a fazer descer sobre nós uma nuvem negra, que rouba a luz e nos mergulha na escuridão. Sufoca-nos e envolve-nos roubando-nos o ar, e rezamos para que cheguem as lagrimas, se ao menos conseguíssemos chorar.
Mas as lagrimas não chegam. Estamos demasiado alerta, demasiado tristes para isso, e a agonia aperta no peito cada vez mais, até transbordar.
Quem nunca sentiu isso? Aquela vontade súbita de largar tudo sem olhar para trás, na ansia de uma vida diferente que nos faça levantar todas as manhãs com a esperança de um dia luminoso e quente de verão!
Não é depressão, não é doença bipolar, mas todos nós precisamos de uma formatação de vez em quando, o disco encheu.
E não se pode dizer a ninguém que estamos fartas, que precisamos de folga do marido, dos filhos, do trabalho, porque somos de imediato julgadas de negligencia. Que choque, como é que é possível? Como se nunca tivessem sentido o mesmo numa ou outra ocasião da vida.
O cansaço mental existe, é real! Se ao menos pudesse interromper a vida...
O mais difícil disto tudo é ter de continuar com um sorriso no rosto!